Ovos moles e moliceiros

Uma visita de médica à família e uma oportunidade para visitar Aveiro, foi assim um fim-de-semana em Outubro do ano passado.

Temos estado um pouco ausentes por aqui, mas é por uma boa causa. Prometemos contar brevemente! 

Passando à frente … Aveiro! Foi apenas um dia de passeio, um Domingo cheio de sol, dos últimos de calor à verão. 

Ficámos alojados numa simpática guesthouse, perto do centro – Abeiro Inn.

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Gostámos muito. O quarto era pequeno mas agradável, com casa-de-banho privativa. Tínhamos ainda incluído pequeno-almoço buffet, que apreciámos no jardim das traseiras da casa.

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Seguimos caminho pelo Parque Infante Dom Pedro, atalhando caminho por outros jardins. E ainda reflectimos em alta voz: ‘Acho que era bem capaz de viver nesta cidade.’  Concordámos.

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“O parque Infante D. Pedro, construído na antiga propriedade dos frades franciscanos, foi preparado a partir de 1862 na zona que pertencia ao Convento de Santo António. Aproveitou-se a ribeira que atravessava o parque para se desenvolver um espaço com lagos e fontes inserido no arvoredo envolvente. Possui um coreto de Arte Nova tardia, escadaria com fonte, cascata e alguns painéis de azulejos, bem como a Avenida das Tílias e uma Casa de Chá.” (texto retirado de Rota da Bairrada)

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Aveiro é uma cidade acolhedora, tranquila e com muito verde. É uma cidade onde apetece caminhar para apanhar ar puro, onde dá vontade de descer até à ria e sentar num banco a apreciar os moliceiros. 

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Ao chegarmos à Ria de Aveiro foi…. Amor à primeira vista. A ria, os moliceiros, os jardins, os edifícios Arte Nova.

A primeira aventura foi um passeio num dos moliceiros. Ele sacou da nota assim que viu a primeira embarcação. (Ela adora andar de barco e ele sabe bem disso.) Esperámos cerca de 20 minutinhos até que o barco atingisse a sua lotação máxima e depois lá fomos. O passeio durou cerca de meia hora e custa 10€ por pessoa, mas vale muito a pena. Foi bom para saber um pouco mais sobre a cidade e a relação da ria com as gentes daquela terra, outrora, há bastantes anos atrás, quando os moliceiros não eram embarcações para turismo mas ferramentas de trabalho.

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Os moliceiros eram utilizados para a apanha do moliço. O moliço é uma planta aquática e era a principal fonte de adubagem das terras agrícolas de Aveiro. Os barcos são de borda baixa para facilitar o carregamento do moliço. A sua proa e a sua ré são muito elegantes, normalmente com pinturas que satirizam situações do dia-a-dia. O seu comprimento por norma é de 15 metros.

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Conhecem a Buga? Nós também não conhecíamos. É uma bicicleta cheia de pinta, com que podes ter o prazer de dar uma voltinha pela cidade e é GRATUITA! Sim, de borla, à borliu! E como fazes? Simples. No nosso caso dirigimo-nos a um quiosque perto da fábrica de cerâmica, deixámos o nosso documento de identificação e buga lá. Tínhamos 2 horas para pedalar pela cidade, à nossa vontade. Depois devolvemos no mesmo sítio. 

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Almoçámos num restaurante muito simpático, com esplanada – a Tertúlia. Não pesquisámos nada previamente, mas este restaurante não nos desapontou. Comemos francesinha e ovos com allheira. Onde? No Largo da Apresentação, número 23.

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Adorávamos ter feito um roteiro sobre a Arte Nova pela cidade, mas o tempo era escasso. Ficou apenas uma visita pelo exterior, pelos edifícios mais emblemáticos da cidade.

” No início do século XX, com o regresso a Aveiro dos emigrantes enriquecidos no Brasil, os edifícios adquirem as primeiras evidências de inspiração Arte Nova. Na cidade, este novo estilo baseado na corrente que florescia na Europa na viragem do século manifestou-se sobretudo nos elementos decorativos das fachadas, convivendo com uma visão conservadora dos restantes aspectos exteriores e interiores dos edifícios. A principal inovação do movimento Arte Nova de Aveiro reside na introdução dos motivos característicos daquele estilo num suporte tão tradicionalmente português como o azulejo, frequentemente utilizado por mestres como Licínio Pinto e Francisco Pereira.” (texto retirado de Centro de Portugal)

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Conhecida como a “Veneza portuguesa” a cidade deixa-se dominar tranquilamente pela Ria de Aveiro, descrita por Saramago como um “corpo vivo que liga a terra ao mar como um enorme coração”.

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E faltava falar do ponto alto da viagem, claro! (Pelo menos para ela) A famosa tripa de Aveiro, que para ficar ainda melhor, era recheada com ovos moles. Que maravilha!

Se quiserem saber a receita e experimentar aqui fica:

Ingredientes:
  • 3 ovos;
  • 250 g de farinha de trigo;
  • 500 ml de leite;
  • 125 g de açúcar;
  • 60 g manteiga;
  • Uma pitada de sal;
  • Doce a gosto.
Preparação:
  • Numa tigela, misturem bem os ovos com a farinha;
  • Quando a mistura estiver bem lisa, juntem o leite frio, de pouco em pouco, mexendo sempre;
  • Adicionem o açúcar, a manteiga derretida e uma pitada de sal;
  • Deixem descansar a massa durante trinta minutos e cozinhem-na como se fosse um crepe.
  • Não deixem a massa assar muito (não deixem ficar estaladiça) e coloquem doce ou chocolate por cima, dobrem-na como desejar e comam quentinha.
Truque para que as tripas sejam as melhores do mundo: Comida (devorada) junto aos canais da ria de Aveiro. De preferência em boa companhia a observar os moliceiros. Check!

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Dêem um salto também à Ponte dos Laços da Amizade e quem sabe largam a nota no Fórum Aveiro. 

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Seguimos para a Costa Nova, onde as casas parecem ter saídos de contos e se sente o cheiro a maresia.

ex-libris desta praia são os “palheiros” – casas com listas verticais ou horizontais intercaladas, antigos armazéns de materiais de pesca, ou armazéns de salga da sardinha, actualmente convertidos em residências balneares, que foram passando de geração em geração.

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O topónimo da Costa Nova do Prado surgiu em início do século XIX, quando a povoação piscatória de Costa Nova foi fundada. O termo “Costa Nova” começou a ser utilizado com a abertura da barra da Ria de Aveiro em 1808, para a diferenciar da “costa velha”, a da praia de São Jacinto, até então utilizada pelos pescadores. A designação “do Prado” indica simplesmente que junto à praia se encontrava um extenso e verdejante prado.

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Fomos embora, com uma enorme vontade de voltar. Ficaram muitas coisas por descobrir. Até já Aveiro, prometemos que voltamos rapidinho. 

IMG_6540 (2)(caminho de regresso, Figueira da Foz)

Até ao próximo post,

Sofia & Sérgio

 

 

 


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